O propósito deste blog é compartilhar e divulgar as mais diferentes atividades realizadas pelos alunos da E.M.E.F Euclides Pinto Ribas de Itaara – RS. Para que as atividades possam ser postadas no blog é necessário autorização escrita dos pais ou responsáveis pelos alunos.
Em caso de dúvidas, mande-nos um e-mail: blogpintoribas@gmail.com
Conheça também o site: www.perfilliterario.com.br

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Textos para leitura dos alunos da turma 62:

O Lavador de Pedra
Manoel de Barros

A gente morava no patrimônio de Pedra Lisa. Pedra Lisa era um arruado de 13 casas e o rio por detrás. Pelo arruado passavam comitivas de boiadeiros e muitos andarilhos. Meu avô botou uma Venda no arruado. Vendia toucinho, freios, arroz, rapadura e tais. Os mantimentos que os boiadeiros compravam de passagem. Atrás da Venda estava o rio. E uma pedra que aflorava no meio do rio. Meu avô, de tardezinha, ia lavar a pedra onde as garças pousavam e cacaravam. Na pedra não crescia nem musgo. Porque o cuspe das garças tem um ácido que mata no nascedouro qualquer espécie de planta. Meu avô ganhou o desnome de Lavador de Pedra. Porque toda tarde ele ia lavar aquela pedra.

A Venda ficou no tempo abandonada. Que nem uma cama ficasse abandonada. É que os boiadeiros agora faziam atalhos por outras estradas. A Venda por isso ficou no abandono de morrer. Pelo arruado só passavam agora os andarilhos. E os andarilhos paravam sempre para uma prosa com o meu avô. E para dividir a vianda que a mãe mandava para ele. Agora o avô morava na porta da Venda, debaixo de um pé de jatobá. Dali ele via os meninos rodando arcos de barril ao modo que bicicleta. Via os meninos em cavalo de pau correndo ao modo que montados em ema. Via os meninos que jogavam bola de meia ao modo que de couro. E corriam velozes pelo arruado ao modo que tivessem comido canela de cachorro. Tudo isso mais os passarinhos e os andarilhos era paisagem do meu avô. Chegou que ele disse uma vez: Os andarilhos, as crianças e os passarinhos têm o dom de ser poesia. Dom de ser poesia é muito bom!

Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003.


Por parte de pai
Bartolomeu Campos Queirós

Em casa de meu pai, todas as noites, eu resmungava pedindo água. Era uma sede com hora marcada. Minha mãe já não se movia muito, entre dores, passava as noites em claro, controlando gemidos. Meu pai se levantava e ia até minha cama. Fechava a mão em forma de copo, levantava a minha cabeça com a outra, e fazia gute, gute. Eu bebia sua mentira e dormia feliz. Não, meu pai não economizava água. Ele era mão-aberta e nunca chegava, agora em raras viagens, sem pequenos presentes. Ele os esquecia sobre a mesa e ficava distraído, esperando elogios.

Engraçado, na casa do meu avô eu não sentia sede, nem de madrugada, quando os galos me acordavam junto com a manhã e eu ficava esperando o cheiro do café me tirar da cama. No meio da noite, se a tempestade rompia o silêncio do escuro, meu avô vinha até meu quarto. Abria a porta de manso, para verificar se a chuva do vento não estava entrando na janela, e benzia meus sonhos. Então, com a mão muito branda, arrumava meus lençóis e deixava um recado em minha testa, uma certa bênção leve como os gatos. Também meu avô era econômico nos carinhos e tímido nos gestos. Nessa hora, quando os raios esfaqueavam o resto da noite, enrolado em meus pensamentos eu me esforçava para perdoar meu avô por não amar os gatos.

Por parte de pai. Belo Horizonte: RHJ, 1995.


terça-feira, 13 de julho de 2010

Bem longe de casa


(texto de Andressa - Turma:81)

Pedro é mais uma pessoa que precisa sair de casa todas as manhãs para ir a escola. Ele está no último ano de ensino médio e para ser algo na vida ele pega quatro ônibus para chegar a sua escola.
Existem vários casos como o de Pedro, pessoas que querem estura mas por ironia do destino não podem, porque passam dificuldades ou simplesmente moram longe de tudo, como é o caso de Pedro.
João, pai dele, não queria que Pedro estudasse pois achava que não iria fazer diferença em sua vida. Seu pai pensava que ele teria muito mais futuro ajudando no campo. Mas Cristina, sua mãe, não aceitou a decisão do marido e fez questão que seu filho estudasse, mesmo com alguns sacrifícios e obstáculos.
Pedro quer ser advogado, mas sabe que ele precisa se dedicar muito aos estudos. Ele sabe também, que não vai conseguir emprego onde mora, pois é afastado de tudo. Por isso, ele já esta se preparando para ficar bem longe de casa e orgulhar sua mãe que tanto o apoia.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poemas a toa - Turmas 51 e 52.


Jogando na escola
(Texto de Fernando Sousa)

Lá na escola
Faço gol jogando bola
Jogo de hora em hora.

Chuto a bola do meio do campo
Ela bate na trave e vai no canto
E eu comemoro por enquanto.

Corro pela lateral
Chuto a bola na horizontal
Está chovendo, parece um vendaval.

O jogo vai acabar
E o meu time vai ganhar
E mais uma vez vou comemorar.

. . . . .

Uma dúzia de coisas a toa
(texto de Jonas da Silva)

Lá em casa tem um jardim,
Que eu queria que fosse só pra mim,
Esse jardim é tão grande que não tem fim.

Lá também tem um lar,
Mas tem gente que só vai pra zoar,
Isso vai me incomodar.

Lá tem uma Igreja,
E um bar que vende cerveja,
Eu gosto de frutas como cereja.

Eu jogo bola com meu irmão,
Ele é um campeão,
Como o João.

. . . . .

Coisas a toa
(texto de Jéssica Sousa)

Lá no Japão
Tem gente de montão
Com um bom coração.

Lá em casa tem panela
Com bastante comida dentro dela
e frito também ovos nela.

Tenho um amigão
Ele é bem grandão
Mas a mãe não gosta dele não.

Lá no varjão
Tem um galpão
Ele é bem grandão.

. . . . .

Uma dúzia de coisas que me deixam feliz
(texto de Jaqueline da Silva)

Banho quente
Chaleira fervente
Um pretendente

Chuva de verão
Carteiro no portão
Bebê chorão

Cheirinho de café
No baile arrastapé
Caminhar com Barnabé

Da mamãe ganhar carinho
Do papai ganhar beijinho
Da vovó um presentinho.

Algumas das nossas histórias - turma 62

História do meu avô
(texto de Larissa Perlin)

Quando meu avô morava em Julio de Castilhos, trabalhava no frigorífico e quando ele ia trabalhar tinha que passar na frente do cemitério. Todos os dias às 5 horas da manhã, ele caminhava em direção ao trabalho.
Ele sempre passava com medo na frente do cemitério. Um certo dia, quando ele passava lá, estava ventando muito e tinha um papel branco voando atrás dele. Com muito medo ele seguiu caminhando, mas quando olhou para trás e viu aquele papel voando, saiu correndo com sua mochila cheia de comida dentro, tropeçou e caiu numa valeta, derramando toda a comida.
Quando ele viu que era apenas um pedaço de papel, parou e deu muita risada, mesmo ficando sem comida.
Hoje, ele mora em Itaara e quando ele conta esta história, todo mundo cai na risada. Eu gosto desta história, porque é legal e engraçada.

. . . . .

Que memória!
(texto de Esther Dornelles)

Era um dia de sol, verão. Quando minha avó, Maria Madalena resolveu me contar sobre a primeira vez que comeu um sorvete. Acho que ela resolveu contar essa história porque eu comia muito sorvete no verão.
Sentada muma sombra, perto da piscina, vovó me contou que também comia bastante sorvete, mas não com a minha idade. Ela me disse que só comeu um sorvete com 31 anos de idade e que ganhou de presente de sua irmã mais velha, que se chama Melissa.
Minha avó me contou que veio do interior. Ela morou lá até os 30 anos, quando seus pais faleceram e ficou sozinha. Lá não havia vizinhos e os que tinham moravam a 2 km de sua casa. Como não havia vizinhos, ela não tinha como ficar sabendo de nada, da modernização, das invenções. Lá nem fofoca havia!
Quando chegou no distrito de Itaara, reencontrou sua irmã que fazia muito tempo que não via. Chegou na véspera de natal, dia 24/12. Ela disse que comeu seu primeiro sorvete no natal, como um presente.
Quando ela acabou a história, eu fiquei imaginando como tudo aconteceu. Depois disso, eu continuei a comer meus sorvetes. E fiquei admirando minha avó: "Aos 82 anos, que memória"!